terça-feira, março 01, 2011

Surma e Mursi


O guarda-roupa é a própria natureza, a savana. No sul da Etiópia, jovens Surma e Mursi transformam flores em chapéus, folhas em xailes. Com fantasias fantásticas, eles colocam cor no quotidiano cinzento dos povos pastoris. O fotógrafo Hans Silvester rendeu-se à sua magia.


Nas testas as mesmas flores, bem arrumadas ou rebeldes. Os rostos cobertos com padrões de pintura, como se fossem trabalhos de Matisse e Miró. As cores, aplicadas com os dedos, obtidos da mistura de pedra moída com argila.


Folhagens secas aproveitadas, e um novo enfeite de cabeça está pronto. Espectacular e ao mesmo tempo útil, porque serve como protecção contra o sol. O verde fresco do chapéu improvisado realça o perfil, das têmporas até ao pescoço. A "moda da natureza" dos Surma e dos Mursi presta-se, principalmente, à representação de um povo. Da extravagância até o minimalismo, ela conhece vários estilos.

Os meninos, enquanto não se tornam guerreiros, devem cuidar do gado. Isso  dá-lhes tempo de experimentar o seu talento como artistas do adereço. Alguns mudam os adornos várias vezes ao dia, como actores que trocam os trajes durante os actos. Tão espontaneamente quanto surgem, os frágeis adornos de cabeça, que se desintegram. São criações fugazes, efémeras, que um pé-de-vento desfaz - até que outras flores e folhas inspirem novos enfeites.


Aproximadamente 20 povos vivem no vale do Rio Omo, no sul da Etiópia. Pastores nómadas na sua maioria, que frequentemente se encontram em pé de guerra: por água, pastos, armas.

O grande tema do fotógrafo Hans Silvester (à direita, na foto em baixo ), hoje com 70 anos, é a arte corporal arcaica dos Surma e dos Mursi. Eles transformam a sua pele em tela: profundas cicatrizes e pinturas cheias de motivos abstractos constituem os adereços. Além do divertimento, ao se enfeitarem é um constante jogo de transformação, agora descoberto também pelos turistas. Para as tribos, isso significa uma bem-vinda fonte de rendimento ou sobrevivência.

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