terça-feira, julho 13, 2010

Eu nunca fui uma moça bem-comportada

Eu nunca fui uma moça bem-comportada.
Pudera, nunca tive vocação pra alegria tímida,pra paixão sem orgasmos múltiplos ou pro amor mal resolvido sem soluços.

Eu quero da vida o que ela tem de cru e de belo. Não estou aqui pra que gostem de mim.Estou aqui pra aprender a gostar de cada detalhe que tenho. E pra seduzir somente o que me acrescenta.

Adoro a poesia e gosto de descascá-la até a fratura exposta da palavra.
A palavra é meu inferno e minha paz.
Sou dramática, intensa, transitória e tenho uma alegria em mim que me deixa exausta.

Eu sei sorrir com os olhos e gargalhar com o corpo todo.
Sei chorar toda encolhida abraçando as pernas.

Por isso, não me venha com meios-termos, com mais ou menos ou qualquer coisa.Venha a mim com corpo, alma, vísceras, tripas e falta de ar...

Eu acredito é em suspiros, mãos massageando o peito ofegante de saudades intermináveis,em alegrias explosivas, em olhares faiscantes, em sorrisos com os olhos, em abraços que trazem pra vida da gente.

Acredito em coisas sinceramente compartilhadas.
Em gente que fala tocando no outro, de alguma forma,no toque mesmo, na voz, ou no conteúdo
Eu acredito em profundidades.
E tenho medo de altura, mas não evito meus abismos.
São eles que me dão a dimensão do que sou."


Maria de Queiroz

1 comentário:

  1. "Im-puta-ção

    A responsabilidade é um termo forte, esplendoroso em peso e medida.
    É ponto de partida tanto para prisões como para fugas, pois dentro dela aprisiona-se uma mente que eventualmente resolve pontapear as portas e evadir-se.

    Quando se "im-puta", faz-se pesar, e como as leis da física demonstram, por cada força que exerça uma acção num sentido, haverá uma equivalente mas simétrica.

    Esta simetria existe dentro de nós.
    Quanto mais temos de uma coisa, mais nos apetece – eventualmente – outra coisa.

    Por isso não acredito em nenhuma das "boas meninas" ou dos "bons rapazes" que por aí andam.
    Por isso desconfio de gente que se diz séria.
    Por isso tenho relutância às intensas palavras soltas num momento especial.

    Pois se por cada força num sentido, existirá – eventualmente – a sua simétrica, tenho muito medo de um "amo-te" antes de tempo, de um "será muito" antes de "pouco" ter acontecido e pavor de uma jura de pertença indubitável quando ainda nem saboreei o gosto daquilo que é meu.

    Quando há "im-puta-ção", tem-se destas coisas. São significados que com leveza são atirados ao ar na sua verdade do momento, mas cujos ecos que provocam podem ser pesados.
    Se a generalidade das pessoas são leves na "im-puta-ção" do que atiram para o ar, poucas são aquelas podem fazer prevalecer o que é belo.
    Porque o belo, esse, também se Im-PUTA."

    De um excelso anónimo, escrito em Setembro de 2006, aqui partilhado em homenagem ao belíssimo texto que acabei de ler.

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